segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Onde os Bravos tem vez

 








Algum dia você já assistiu ou  leu um jornal onde não havia pelo menos uma notícia sobre um assassinato? Mata-se por R$20,00,  por drogas, traição, cobiça e até, dizem alguns, por “amor”. E mesmo com notícias assim tão corriqueiras tem gente que ainda se choca com um filme dos irmãos Coen, quando o humor negro dos diretores nada mais é que uma crítica a banalização da vida.

Fargo, Onde os fracos não tem vez, Queime depois de ler, tem exemplos clássicos de cenas que vemos todos os dias na TV, não no mesmo contexto, mas com desfechos parecidos. Muito sangue e Ketchup é derramado e há ainda algumas raras exceções  que conseguem se salvar. Dão a sorte de encontrar pela frente um criminoso “bonzinho” que só leva seu carro e te deixa ir, ou um que joga uma moeda para cima e pede para você escolher, se você escolher cara e der coroa, já era.




É assim que eu vejo as obras do Coen, não costumo ver críticas nesse sentido sobre seus filmes, essa é apenas minha percepção. Entretanto  seu novo longa, indicado a 8 oscars esse ano foge um pouco dos padrões Coen. Nele  bandido não aparece muito, embora seja citado o tempo todo, e são os mocinhos que tem papel de destaque na busca por justiça

Bravura Indômita  é uma refilmagem do western de mesmo nome, dirigido por Henry Hathaway em 1969, mas a linguagem cinematográfica dos Coen deu novo ar ao filme que é baseado, como o anterior, no livro de Charles Portis que conta a história de Matie Ross, uma garota de 14 anos contrata o federal Rooster Cogburn para capturar o assassino de seu pai Tom Chaney. Mesmo contra a vontade do veterano a menina o acompanha durante todo o percurso que conta ainda com a participação do texas ranger Lebouf que também está atrás do criminoso.

Jeff Bridges, no papel de Cogburn, não deixa dúvidas de que o oscar que ganhou ano passado foi merecidíssimo e que só Colin Firth, com sua atuação impecável em O Discurso do Rei, pode tirar esse prêmio dele. O sotaque carregado e alcoolizado dá  uma pitada cômica na medida certa para o personagem durão. Engraçado e dramático ao mesmo tempo.


Matt Damon, como já fez em Gênio Indomável e o Talentoso Ripley, mostrou que é injustiça ser lembrando pelo personagem Jason Bourne. Quase irreconhecível Matt convence como o texano agente Lebouf. Outra boa atuação foi a de Hailee Steinfeld, a menina de 14 anos que mostrou ser tão ousada e precoce quanto Mattie Ross que lhe rendeu uma indicação ao Oscar como melhor atriz coadjuvante.

Enfim, como disse antes, não vi muito do humor negro, marca dos diretores, no filme. Bravura Indômita traz um quê de punitivo, onde mocinhos e bandidos tem seu lugar bem definido, um final mais amarrado, e para mim responde a obra dos Coen que ganhou o Oscar, dizendo que talvez possa haver Country for Old Men.


 

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