sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Rei, Xerife, Alpinista, Espanhol ou Nerd?

 
As apostas estão mais altas para Colin Firth e sua maravilhosa atuação em O Discurso do Rei. Eu torço por ele também, por ser um ator que eu considero um dos melhores da safra anos 90/2000. Colin é um ator de mil facetas, e consegue brilhar em filmes dramáticos como o Discurso do Rei e também em  filmes “água com açúcar” como Bridget  Jones. Há também quem  diga, que ele deve levar a estatueta por ter sido injustiçado ano passado, depois de ter sido indicado por seu papel em O direito de amar, que eu confesso ainda não assisti, e perdido para Jeff Bridges. Aliás, Bridges é outro ator que merece estar na disputa mais uma vez esse ano. O  xerife Cogburn de Bravura Indômita, interpretado na versão de 1969 por John Wayne, foi um desafio bem cuprido pelo ator.  Mas, acho que esse ano veremos Bridges sentado aplaudindo o discurso de Colin, o inverso de um ano atrás.

Javier Barden, que já tem uma estatueta de melhor ator coadjuvante por Onde os Fracos não tem vez, também merece ganhar, depois de dar seu sangue na frente das câmeras de Biutiful, sem Barden não sei o que seria do filme de Iñarritu. James Franco, teve seu primeiro papel de destaque em 127 horas, e deu conta do recado, mas acho que ainda não é vez dele. Mas sua indicação dá voz a  um ator que, como Firth, logo poderá ter seu discurso aplaudido também. Já Jesse Eisenberg prefiro não entrar em discussão. Gosto do ator, não gosto do filme, portanto não acho que seja um papel  à altura dos demais concorrentes, e embora tenha sido uma boa atuação, não acho que ele será o 83º da “listinha” a seguir:

 1929
Vencedor: Emil Jannings por O Último Comando / Tentação da Carne

1º de 1930
Vencedor: Warner Baxter por Velho Arizona

2º de 1930
Vencedor: George Arliss por Disraeli

1931
Vencedor: Lionel Barrymore por Uma Alma Livre

1932
Vencedores:
- Wallace Beery por O Campeão
- Fredric March por O Médico e o Monstro

1934
Vencedor: Charles Laughton por Os Amores de Henrique VIII

1935
Vencedor: Clark Gable por Aconteceu Naquela Noite

1936
Vencedor: Victor McLagen por O Delator

1937
Vencedor: Paul Muni por A Vida de Louis Pasteur

1938
Vencedor: Spencer Tracy por Marujo Intrépido

1939
Vencedor: Spencer Tracy por Com os Braços Abertos

1940
Vencedor: Robert Donat por Adeus, Mr. Chips

1941
Vencedor: James Stewart por Núpcias de um Escândalo

1942
Vencedor: Gary Cooper por Sargento York

1943
Vencedor: James Cagney por A Canção da Vitória

1944
Vencedor: Paul Lukas por Horas de Tormenta

1945
Vencedor: Bing Crosby por O Bom Pastor

1946
Vencedor: Ray Milland por Farrapo Humano

1947
Vencedor: Fredrich March por Os Melhores Anos de Nossas Vidas


1948
Vencedor: Ronald Colman por Fatalidade

1949
Vencedor: Laurence Olivier por Hamlet

1950
Vencedor: Broderick Crawford por A Grande Ilusão

1951
Vencedor: Jose Ferrer por Cyrano de Bergerac

1952
Vencedor: Humphrey Bogart por Uma Aventura na África

1953
Vencedor: Gary Coper por Matar ou Morrer

1954
Vencedor: William Holden por Inferno nº 17

1955
Vencedor: Marlon Brando por Sindicato de Ladrões

1956
Vencedor: Ernest Borgnine por Marty


1957
Vencedor: Yul Brynner por O Rei e Eu

1958
Vencedor: Alec Guiness por A Ponte do Rio Kwai

1959
Vencedor: David Niven por Vidas Separadas

1960
Vencedor: Charlton Heston por Ben-Hur

1961
Vencedor: Burt Lancaster por Entre Deus e o Pecado

1962
Vencedor: Maximilian Schell por O Julgamento de Nuremberg

1963
Vencedor: Gregory Peck por O Sol é Para Todos

1964
Vencedor: Sidney Poitier por Uma Voz nas Sombras

1965
Vencedor: Rex Harrison por Minha Bela Dama

1966
Vencedor: Lee Marvin por Dívida de Sangue

1967
Vencedor: Paul Scofield por O Homem que não Vendeu Sua Alma

1968
Vencedor: Rod Steiger por No Calor da Noite

1969
Vencedor: Cliff Robertson por Os Dois Mundos de Charly

1970
Vencedor: John Wayne por Bravura Indômita

1971
Vencedor: George C. Scott por Patton - Rebelde ou Herói?

1972
Vencedor: Gene Hackman por Operação França

1973
Vencedor: Marlon Brando por O Poderoso Chefão

1974
Vencedor: Jack Lemmon por Sonhos do Passado

1975
Vencedor: Art Carney por Harry, o Amigo de Tonto

1976
Vencedor: Jack Nicholson por Um Estranho no Ninho

1977
Vencedor: Peter Finch por Rede de Intrigas

1978
Vencedor: Richard Dreyfuss por A Garota do Adeus

1979
Vencedor: Jon Voight por Amargo Regresso

1980
Vencedor: Dustin Hoffman por Kramer vs. Kramer

1981
Vencedor: Robert DeNiro por Touro Indomável

1982
Vencedor: Henry Fonda por Num Lago Dourado

1983
Vencedor: Ben Kingsley por Gandhi

1984
Vencedor: Robert Duvall por A Força do Carinho

1985
Vencedor: F. Murray Abraham por Amadeus

1986
Vencedor: William Hurt por O Beijo da Mulher Aranha

1987
Vencedor: Paul Newman por A Cor do Dinheiro

1988
Vencedor: Michael Douglas por Wall Street - Poder e Cobiça


1989
Vencedor: Dustin Hoffman por Rain Man

1990
Vencedor: Daniel Day-Lewis por Meu Pé Esquerdo

1991
Vencedor: Jeremy Irons por O Reverso da Fortuna

1992
Vencedor: Anthony Hopkins por O Silêncio dos Inocentes

1993
Vencedor: Al Pacino por Perfume de Mulher

1994
Vencedor: Tom Hanks por Filadélfia

1995
Vencedor: Tom Hanks por Forrest Gump - O Contador de Histórias

1996
Vencedor: Nicolas Cage por Despedida em Las Vegas

1997
Vencedor: Geoffrey Rush por Shine - Brilhante

1998
Vencedor: Jack Nicholson por Melhor é Impossível

1999
Vencedor: Roberto Benigni por A Vida é Bela

2000
Vencedor: Kevin Spacey por Beleza Americana

2001
Vencedor: Russel Crowe por Gladiador

2002
Vencedor: Denzel Washington por Dia de Treinamento

2003
Vencedor: Adrien Brody por O Pianista

2004
Vencedor: Sean Penn por Sobre Meninos e Lobos

2005
Vencedor: Jamie Foxx por Ray

2006
Vencedor: Philip Seymour Hoffman por Capote

2007
Vencedor: Forrest Whitaker por O Último Rei da Escócia

2008
Vencedor: Daniel Day-Lewis por Sangue Negro

2009
Vencedor: Sean Penn por Milk - A Voz da Igualdade

2010
Vencedor: Jeff Bridges por Coração Louco

2011
Vencedor: ?





quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Biutiful não faz jus ao nome


Ontem assisti Biutiful, o novo filme de Alejandro Iñarritu, o primeiro sem a colaboração do roteirista e escritor Guillermo Arriaga. Por esse motivo, o filme prometia não ter várias histórias paralelas, marca dos últimos 3 trabalhos da parceria do diretor com o Arriaga, mas na prática não é bem assim.

Na história, Uxbal, vivido por Javier Barden, é um pai de dois filhos, divorciado, e que leva a vida  explorando  mão-de-obra de imigrantes chineses e africanos em Barcelona.   Os chineses fabricam produtos falsificados, os africanos vendem ilegalmente. Ele também dá  propina para policiais fazerem vista grossa na fiscalização. Um personagem controverso, que ao mesmo tempo em que explora, tenta ajudar os explorados, buscando melhores condições de trabalho para eles. O personagem também tem o dom de falar com os mortos logo após sua partida desse mundo, ajudando-os a fazer a “travessia” em paz, sendo sempre recompensado pelos entes queridos. E, para completar, Uxbal descobre uma doença terminal e que lhe restam apenas 2 meses de vida.

Não mais várias histórias que se cruzam, mas muitas histórias que giram em torno de um único personagem, não diferindo muito dos outros trabalhos do diretor. Biutiful tenta falar de muitos assuntos, tenta chocar com várias denúncias sociais e acaba se perdendo e fazendo o mesmo com o espectador. Li alguns críticos dizendo que o filme era muito denso, que nos faria refletir sobre a realidade. Para mim ele ficou tão denso que quase afundou, e isso só não aconteceu porque Barden sustenta o filme de maneira extraordinária. Aliás, se há algo que merece elogios é sua atuação e também a de Maricel Alvarez, que interpreta sua ex-esposa bipolar. As crianças também dão energia ao longa, que tem seus pontos altos ao retratar a família de Uxbal. Fora isso só vi excessos de moralismo.

Enfim, Biutiful carrega os mesmo clichês dos demais filmes de Iñarritu, mas como em tudo se aproveita alguma coisa, tenho que destacar Javier Bardem que parece ter se entregado de corpo e alma ao personagem, diferente de tudo que já fez, o ator merece com louvor a indicação ao Oscar. Ver Barden atuando me faz dizer que, mesmo não gostando do filme, valeu a pena assisti-lo.  

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Mulheres do Oscar


É quase certo, e eu torço por isso, que Natalie Portman vai levar para casa a estatueta de melhor atriz do Oscar 2011. A atriz israelense já é veterana há muito tempo, e agora, com Cisne Negro parece ter chegado ao auge de sua carreira. Com o filme ela já conquistou público e crítica além do Globo de ouro, do SAG e do BAFTA  de melhor atriz. Também pudera, a personagem Nina foi construída com tanta sensibilidade que não dá para imaginar outra atriz a interpretando. Na verdade Natalie tem esse poder, seus personagens são marcantes. Quem mais conseguiria derramar lágrimas tão melancólicas quanto a Alice de Closer, ou ser a salvação, junto com Rachel Weisz, de um filme como Um Beijo Roubado, roubando a cena da protagonista sem graça  interpretada por Norah Jones. É fato, Natalie Portman sempre rouba a cena, e para mim, faz qualquer filme valer a pena nem que seja só para ver sua atuação.

Mas, apesar de não terem muita chance de ganhar o prêmio esse ano, as concorrentes de Portman merecem muito elogios. A começar por Jennifer Lawrence que para mim é uma das melhores da lista. Já falei sobre ela aqui, a iniciante de apenas 20 anos que convence com  seu olhar dramático e faz o público sofrer junto com sua personagem em Inverno da Alma. Lawrence já ganhou o prêmio de melhor atriz estreante no Festival de Veneza de 2008 com o filme Vidas que se Cruzam, e ,se não houvesse Natalie Portman no páreo, eu daria o prêmio para ela.

A atuação de Nicole Kidman também surpreendeu como a sofrida Becca em Reencontrando a Felicidade, isso graças a atuação simples e bem dosada de uma mãe que tenta, ou não, reconstruir sua vida após perder o único filho de 3 anos. Desde 2006, com A Pele, a atriz não participava de um projeto que a destacasse como a grande atriz que é, apesar de que,  para mim  a Nicole linda e expressiva de Dogville e De olhos bem fechados  já não existe faz tempo. E não é por falta de talento, é excesso de Botox mesmo.

Já Michelle Willians provou que a adolescente de Dawson’s Creek ficou para trás. Em Namorados para Sempre, ela e Ryan Gosling interpretam um casal em dois momentos, no início do relacionamento e alguns anos depois em um casamento já desgastado. A mocinha apaixonada e a esposa cansada dos maus hábitos do marido, são duas personagens simultâneas perfeitamente retratadas por Michelle. Sua atuação, junto com Gosling, apresentam ao público um filme honesto sobre a construção e desconstrução do amor.
E para completar nosso time temos Annette Benning que deixei por último porque não tenho muito o que falar sobre. Excelente atriz, sim não há dúvidas, entretanto não vejo Benning merecendo mais essa indicação do que Julianne Moore que junto com ela interpreta o casal de lésbicas do filme. As duas personagens foram muito bem construídas, mas, a meu ver,quem norteia o filme é a personagem Jules, de Moore. Jules é a parte frágil da relação, ela que transmite ao espectador as dificuldades do casal, mostrando exatamente a que o filme se propõe, discutir relacionamentos, independente de orientação sexual ou qualquer outra coisa.  A lésbica Nic, também  foi construída com excelência   por Anette, mas não concordo com apenas ela ser indicada ao prêmio, visto que as duas, e muito mais Julianne Moore na minha opinião, deram o tom certo para as personagens homossexuais, sem cair no estereótipo, muito comum no cinema. 

Sempre Vale a Pena

Eu sempre disse que filme cujo tema central é música sempre vale a pena. Pode ter um roteiro fraquinho como Dirty Dancing, mas é uma delícia de se ver.

Vou tentar postar pelo menos uma vez por semana uma cena diegética, pode ser um musical, um filme de dança ou algo parecido. Para quem não sabe o que é diegético vamos ao nosso momento didático. A trilha no cinema é diegética no cinema quando está inserida no quadro, dentro do contexto ficcional, exemplo, quando o personagem liga o rádio e toca um música. Quando a trilha está fora do quadro, diz-se que ela é extra-diegética, exemplo disso são as trilhas nos filmes de suspense, ela é real apenas para o espectador. Deu para entender? 

Nossa diegese de hoje é a cena final de Dirty Dancing. 


sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Horas de solidão

Fotografia encantadora, cenas de muita ação que passam uma sensação maravilhosa de liberdade. Assim é a primeira meia hora do novo filme de Danny Boyle. Sabiamente o diretor fez isso para depois privar-nos dessa liberdade junto com o personagem. Seguem-se então cenas claustrofóbicas  e angustiantes. Houve quem passou mal e até desmaiou no cinema assistindo à chocante cena de  do alpinista Aron Ralston (James Franco) arrancando seu próprio braço para conseguir salvar sua vida depois de mais de 5 dias preso a uma pedra.

Mas, os momentos mais  marcantes do longa não são sobre a amputação. 127 horas é um filme que tende a provocar auto-reflexão no espectador. Ralston desde o início do filme se mostra extremamente individualista. Não atende os telefonemas da mãe, não se envolve emocionalmente, não firma amizades. Acha que só precisa de si mesmo, e só descobre que não é bem assim quando se vê sozinho de verdade. É fácil ignorar o próximo enquanto tudo está bem, mas é aquela velha história, um dia você acaba precisando de alguém, e se você só afasta as pessoas vai poder contar com quem?

Ninguém sabia que Aron havia ido ao Grand Canyon naquele dia. Sua mãe liga, ele não atende. Seu amigo pergunta aonde ele vai, ele ignora. Achava que gostava da solidão, mas quando se viu cara a cara com ela  foi buscar em sua memória todos aqueles que ele tanto afastara.  Boyle conseguiu mostrar claramente essa necessidade que tem o ser  humano de se relacionar. Muitas imagens que representam flashbacks e visões do personagem rodeado por seus amigos e familiares. Quando não havia ninguém, o alpinista trouxe todos para perto de si.

Um filme sobre relacionamentos. Nossa natureza é se relacionar ter um braço para se apoiar quando a gente tropeça. Ninguém sabia onde Jason tinha ido, o filme não entra em detalhes, mas provavelmente, por se isolar sempre, ninguém sentiu falta dele durante as 127 horas, e mesmo sentindo não saberia onde procurar. Se o acidente tivesse sido fatal, talvez estivesse  desaparecido até hoje. Uma lição e tanto de humanidade. Um alerta do próprio  Ralston diga sempre a alguém onde está indo.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Cisne Perfeito



 A música de Clint Mansell, uma espécie de releitura da obra O lago dos Cisnes de Tchaikovsky ainda ecoa na minha mente. Acabei de voltar do cinema, assisti Cisne Negro e ainda estou impressionada. O filme de Darren Aronofsky é intenso e perturbador.

Natalie Portman, que já considero vencedora do Oscar por esse papel, é Nina, uma bailarina perfeccionista que sonha em se destacar em uma grande peça. A oportunidade surge com a montagem da peça O lago dos Cisnes, onde ela ganha o papel principal mas é o tempo todo desafiada pelo coreógrafo Thomas (Vincent Cassel) que a considera muito frágil para interpretar o lado mal do Ballet, o Cisne negro. Mas aos poucos o filme revela que a dançarina não é tão doce quanto parece. 

O filme intercala momentos de pesadelos, alucinações e mundo real da personagem de uma forma que não se consegue identificar o que é o que. Em busca da perfeição Nina se perde entre si e e seus personagens do ballet e nós espectadores vamos junto com ela. Com cortes rápidos,  movimentos de câmera idem e muitos close-ups vai de um extremo a outro tornando difícil definir qual o clímax da história. Mas a verdade é que  a trama é toda clímax. Confunde, penetra, assusta e seduz do início ao fim.

Nina se encontra com seu lado negro, aquele que, dizem, todo mundo tem. Em certo momento Thomas diz a  que ela só tem que lutar contra ela mesma. Então luta, luta tanto que prova da glória ao mesmo tempo que da autodestruição. E ao final fiquei me perguntando:  será que vale a pena alcançar a perfeição? E quando se alcança, o que vem depois? Acho que quem pode responder a esse questionamento é Darren Aronofsky, porque se com essa obra ele não a alcançou, chegou bem perto. 




Inverno da Alma

Assisti Inverno da Alma com meu namorado e no final ele me questionou se esse ano  era pré-requisito para o Oscar premiar filmes tristes. Realmente faz sentido, e enquanto eu assistia o filme isso também me passou pela cabeça. Se existisse a categoria maior depressão pós-filme o longa venceria com louvor. Mas essa característica está longe de ser negativa, pelo contrário, é o resultado de uma adaptação, direção e atuações incríveis.

Inverno da Alma é um filme que vai lá no íntimo do espectador. Eu sofri junto com Ree (Jennifer Lawrence), a adolescente de 17 anos que vive no interior dos EUA uma luta intensa para cuidar da mãe doente e dos 2 irmãos mais novos. Quase sem dinheiro para suprir as necessidades da casa,  por vezes conta com a ajuda dos vizinhos para conseguir alimentar a família e os animais que restam. Mas como nada está tão ruim que não possa piorar, quando já estamos mais que comovidos com a humildade e força da personagem chega a notícia de que seu pai, fugitivo da polícia, deu a propriedade como garantia da fiança e se ele não se apresentar dentro de alguns dias para seu julgamento por cozinhar metanfetamina, o único bem da família lhes seria tirado. A partir de então Ree se divide entre seus afazeres já cotidianos e a busca pelo por seu pai, encarando as figuras mais temidas da região.

Debra Granik fez um belo trabalho. Cada seqüência é cheia de detalhes que dão um ar naturalista ao filme que Jennifer Lawrence se encarregou de dar alma. A atriz, que foi merecidamente indicada ao Oscar, construiu uma personagem complexa, que teve que aprender  na “marra” a se virar sozinha. Desistiu do sonho de ir para o exército para cuidar da casa, e sabe que precisa ser forte e enfrentar o que for porque agora ela é a provedora. E mais, quer dar bom exemplo para os irmãos sempre, a fim de fugir da corrupção que assola sua família. Conselhos de efeito como quando diz para seu irmão: “Nunca peça o que deveria ser oferecido”, são constantes em suas falas.

Não vou me prolongar, mesmo porque Inverno da Alma precisa ser assistido para que se entenda qualquer texto escrito sobre ele. Faz jus ao título, é mais frio do que essas palavras que você está lendo na tela do seu computador. É para ser sentido embalado pelas canções melancólicas que completam o clima de uma história onde parece que o sol nunca dá o ar da graça.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Um filme com entonação perfeita



É difícil acreditar que um diretor que só dirigiu 2 filmes já tenha conseguido 12 indicações ao Oscar. Esse é Tom Hooper, que  apesar de muita experiência na TV, só filmou 2 longas em sua carreira, o primeiro Red Dust é pouco conhecido, e nada aclamado, já O discurso do Rei  é digno de reverência.

Todavia, embora seu diretor tenha pouca experiência no cinema, não se pode dizer o mesmo de seu elenco. Helena Bonham Carter construiu uma personagem que equilibra simplicidade e nobreza. Geoffrey Rush consegue, em cada fala, encher quem está dentro e fora da tela, de confiança e Colin Firth transmite apenas com um olhar toda a insegurança e desespero de seu personagem diante de um microfone. Três veteranos, três interpretações que marcarão suas carreiras e o espectador.

O duque George VI, filho do rei da Inglaterra, herda o trono após a morte de seu pai e a renuncia de seu irmão mais velho. Mas como governar uma nação às vésperas da 2ª guerra mundial sem conseguir fazer um discurso a seu povo? Depois de visitar inúmeros especialistas e não obter sucesso, Bertie, como era chamado pelos familiares,  consulta-se, a contragosto com Lionel Logue. Mas, muito mais que uma história sobre a gaguês de um rei, The King Speech fala de extremos como a insegurança e a confiança, a dificuldade e a superação e uma amizade, naquela época inconcebível, entre um príncipe e um plebeu. Aquele que deveria ser a voz que consolaria seu povo simplesmente não a conseguia controlar. Só que, ele não podia falhar, seus temores pessoais não eram nada diante da necessidade de toda uma nação. A coroa em sua cabeça não o permitia ser gago.

Roteiro Sensível, fotografia e figurino fiéis ao período, trilha sonora encantadora, e um time, entre diretores, atores e produtores, que parece ter doado tudo de si a essa obra, tornaram o filme majestoso, o favorito a todos os prêmios que tem concorrido e quase sempre vencido.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Uma homenagem de Hollywood


Onde tem uma comédia romântica tem um publicitário, e no papel principal ainda. Já é regra, e como toda, há exceções claro. E hoje em homenagem ao dia do publicitário segue uma listinha de alguns filmes com personagens publicitários, e parabéns à categoria, da qual eu faço parte.