sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Filmes que inspiram

Há uns cinco anos atrás eu estava num ponto de ônibus em minha cidade natal, Nova Venécia, e lá escutei duas mulheres, que haviam se conhecido naquele momento, conversando. Uma delas, de aparência bem humilde, não devia ter mais que 25 anos e estava com um bebê nos braços e também segurava uma menininha, de uns 3 anos, pela mão. A segunda beirava  60 anos, e ouvia atentamente as histórias que a outra lhe contava.

Ela dizia como estava conquistando as coisas, e que sabia que precisava se esforçar para dar o melhor para seus filhos (é claro que ela não usava essas palavras, estou aqui fazendo minha interpretação da história, até porque faz muito tempo). Mas o que mais me chamou atenção, foi quando ela disse como havia conseguido  sua casa própria. Primeiro com muito esforço comprou um terreno e depois, por ter que escolher entre pagar aluguel ou construir, ela construiu uma barraca de lona no canto do terreno e investiu tudo o que tinha no material de construção, e me parece que o próprio marido, que era pedreiro, fez a casa. Pequena, simples, mas sua casa. Achei linda, forte, corajosa a atitude dessa mulher que com dois filhos foi morar por meses embaixo de uma lona, passando por privações (imagina quando chovia),  para hoje ter um espaço só dela. Ela é uma dessas mulheres que anônimas fazem história junto com as famosas que também tinham um ideal e lutaram até o fim para alcança-lo.

Houve uma outra mulher, que viveu nos EUA no século XIX, e ao contrário da moça do ponto que provavelmente veio de família pobre, essa desde pequena teve todos os seus caprichos atendidos pelos pais. Era rica, inteligente e linda. Tinha todos os homens aos seus pés. Bem, quase todos, porque o que ela queria já era comprometido, por isso casou-se de birra com qualquer um, ficou viúva meses depois, durante a Guerra  Civil Americana e foi então que ela viu que ser a mulher idealizada da época não a fariam chegar a lugar nenhum. 

Nesse período  foi para a guerra cuidar do feridos e ao voltar encontrou a fazenda de seus pais arruinada, sua mãe morta e seu pai louco. Sem  mais riquezas, sem mais caprichos casa-se por interesse, tem uma filha, sofre um aborto, perde a filha num acidente, separa-se do marido e volta para as terras da família decidida a fazê-la voltar a ser o que era. Passa um período de muita miséria, até o dia em que decide que não passaria mais fome, e para isso  faria o que fosse preciso. Então para conseguir dinheiro para tocar as plantações de algodão, roubou o noivo da irmã casando-se com ele primeiro. Chega a matar um ianque que tenta roubar o que restou em sua casa. Passa por cima de tudo e de todos para cuidar de quem amava, e de si mesma.

Eu admiro essa mulher desde meus 7 anos. A conheci  assistindo pela primeira vez E o Vento levou. Seu nome: Scarlet O’hara. Vivida por Vivien Leigh, essa personagem foge de todos os padrões de mocinha da época, tornando-se uma protagonista anti-herói. Mas minha admiração não é pelas atitudes de Scarlet, mas pela mulher que conseguiu superar tantas perdas, e lutar por seu lugar na sociedade em uma época tão difícil, principalmente para uma mulher sem um homem ao seu lado. Ela pode não ser um exemplo de integridade, mas sua persistência e proatividade são  inspirações para mim como também a personagem real do início deste post.  Viveram em períodos diferentes, tiveram atitudes e histórias diferentes, mas se uma trocasse de vida com a outra tenho quase certeza que lutariam da mesma forma para alcançar seus objetivos.



 

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