sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Horas de solidão

Fotografia encantadora, cenas de muita ação que passam uma sensação maravilhosa de liberdade. Assim é a primeira meia hora do novo filme de Danny Boyle. Sabiamente o diretor fez isso para depois privar-nos dessa liberdade junto com o personagem. Seguem-se então cenas claustrofóbicas  e angustiantes. Houve quem passou mal e até desmaiou no cinema assistindo à chocante cena de  do alpinista Aron Ralston (James Franco) arrancando seu próprio braço para conseguir salvar sua vida depois de mais de 5 dias preso a uma pedra.

Mas, os momentos mais  marcantes do longa não são sobre a amputação. 127 horas é um filme que tende a provocar auto-reflexão no espectador. Ralston desde o início do filme se mostra extremamente individualista. Não atende os telefonemas da mãe, não se envolve emocionalmente, não firma amizades. Acha que só precisa de si mesmo, e só descobre que não é bem assim quando se vê sozinho de verdade. É fácil ignorar o próximo enquanto tudo está bem, mas é aquela velha história, um dia você acaba precisando de alguém, e se você só afasta as pessoas vai poder contar com quem?

Ninguém sabia que Aron havia ido ao Grand Canyon naquele dia. Sua mãe liga, ele não atende. Seu amigo pergunta aonde ele vai, ele ignora. Achava que gostava da solidão, mas quando se viu cara a cara com ela  foi buscar em sua memória todos aqueles que ele tanto afastara.  Boyle conseguiu mostrar claramente essa necessidade que tem o ser  humano de se relacionar. Muitas imagens que representam flashbacks e visões do personagem rodeado por seus amigos e familiares. Quando não havia ninguém, o alpinista trouxe todos para perto de si.

Um filme sobre relacionamentos. Nossa natureza é se relacionar ter um braço para se apoiar quando a gente tropeça. Ninguém sabia onde Jason tinha ido, o filme não entra em detalhes, mas provavelmente, por se isolar sempre, ninguém sentiu falta dele durante as 127 horas, e mesmo sentindo não saberia onde procurar. Se o acidente tivesse sido fatal, talvez estivesse  desaparecido até hoje. Uma lição e tanto de humanidade. Um alerta do próprio  Ralston diga sempre a alguém onde está indo.

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