quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Biutiful não faz jus ao nome


Ontem assisti Biutiful, o novo filme de Alejandro Iñarritu, o primeiro sem a colaboração do roteirista e escritor Guillermo Arriaga. Por esse motivo, o filme prometia não ter várias histórias paralelas, marca dos últimos 3 trabalhos da parceria do diretor com o Arriaga, mas na prática não é bem assim.

Na história, Uxbal, vivido por Javier Barden, é um pai de dois filhos, divorciado, e que leva a vida  explorando  mão-de-obra de imigrantes chineses e africanos em Barcelona.   Os chineses fabricam produtos falsificados, os africanos vendem ilegalmente. Ele também dá  propina para policiais fazerem vista grossa na fiscalização. Um personagem controverso, que ao mesmo tempo em que explora, tenta ajudar os explorados, buscando melhores condições de trabalho para eles. O personagem também tem o dom de falar com os mortos logo após sua partida desse mundo, ajudando-os a fazer a “travessia” em paz, sendo sempre recompensado pelos entes queridos. E, para completar, Uxbal descobre uma doença terminal e que lhe restam apenas 2 meses de vida.

Não mais várias histórias que se cruzam, mas muitas histórias que giram em torno de um único personagem, não diferindo muito dos outros trabalhos do diretor. Biutiful tenta falar de muitos assuntos, tenta chocar com várias denúncias sociais e acaba se perdendo e fazendo o mesmo com o espectador. Li alguns críticos dizendo que o filme era muito denso, que nos faria refletir sobre a realidade. Para mim ele ficou tão denso que quase afundou, e isso só não aconteceu porque Barden sustenta o filme de maneira extraordinária. Aliás, se há algo que merece elogios é sua atuação e também a de Maricel Alvarez, que interpreta sua ex-esposa bipolar. As crianças também dão energia ao longa, que tem seus pontos altos ao retratar a família de Uxbal. Fora isso só vi excessos de moralismo.

Enfim, Biutiful carrega os mesmo clichês dos demais filmes de Iñarritu, mas como em tudo se aproveita alguma coisa, tenho que destacar Javier Bardem que parece ter se entregado de corpo e alma ao personagem, diferente de tudo que já fez, o ator merece com louvor a indicação ao Oscar. Ver Barden atuando me faz dizer que, mesmo não gostando do filme, valeu a pena assisti-lo.  

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